domingo, 15 de dezembro de 2013

Um cão a morder no rabo

A Portugal não faltaram espíritos lúcidos e clarividentes. A questão está no destino que tiveram.  
Foi o caso do Infante D. Pedro, da ínclita geração. Antes de Ceuta, antes de Tânger... Trucidaram-no em Alfarrobeira, em proveito de elites fidalgas.
Foi o caso do Velho do Restelo (Luís de Camões). Insultaram-no e homiziaram-no, em proveito de cruzados e de aventureiros cúpidos.
Foi o caso do Damião de Góis. Antes da Contra-Reforma, antes de Trento... A Inquisição matou-o à cacetada, em proveito do altar.
Foi o caso do Marquês de Pombal. Destruíram-no às mãos da Viradeira, duma rainha que havia de enlouquecer, em proveito da parasitagem.
Foi o caso de José Sócrates, que estranhamente resiste. Trocaram-no por um bando de traidores revanchistas, de cafres iletrados, de sipaios da agiotagem internacional.
Foi o caso de milhares de outros, sem os quais Portugal é o que foi sempre. Uma pátria inexistente, dum povo de deserdados. Um cão a morder no rabo.