O Parque da Cidade é uma reserva inesperada de bio-diversidade. Há damas de idade atreladas ao cachorro, que abusou visivelmente dos croquetes; e casais de quarentões a pôr em dia a conversa atrasada; e caminheiros em trânsito estugado, pendurados em bastões; e atletas já garrinchas às voltas com a maratona; e jovens bem musculados a pensar na São Silvestre; e raparigas em esforço, na guerra com a celulite; e bicicletas BTT, e as ultra-leves do contra-relógio, e velhas pasteleiras pachorrentas, em gincanas pelas veredas; e grupos mistos a treinar nos relvados, a puxar pela massa muscular; e jogos de futebol de solteiros e casados; e patos-marrecos e pombos e gansos e garças e gralhas e corvos e grous, e cisnes que talvez sonhem com Leda.
Não fora a inusitada mistura de géneros e a humidade da manhã, já eu me julgava em Esparta, a dos jogos de virilidade e dos campos de exercício. Mas, cá por coisas, o Eça das ironias cínicas é que devia ver isto.
No final da caminhada veio-me à ideia o rifão: pés quentes, cabeça fria, cu aberto, boa urina... e merda para a medicina! É capaz de ser verdade.