[Rebenta-minas de Bambadinca? Granadero de Enxalé? Tanto faz, o bicho era este, aqui rapinado a JJRoseira!]
As putas da desinformação andam aí a levantar poeiradas a propósito de suplementos remuneratórios que oneram a despesa na função pública. E são bem capazes de aguçar os apetites da galdéria dos SWAP's, para cortar na condição militar da tropa. Sugerem que se trata dum privilégio descartável.1 - Logo que a actual geração de políticos saiu da puberdade alegre, em que era um gozo mostrar as nalgas em público, a primeira coisa que fizeram foi acabar com o serviço militar obrigatório. Era chato aturar as rudezas do sargento e os caprichos do capitão, a pátria que se fodesse. Imitaram à pressa as luminárias da América avançada (que o Giap e o Ho Chi Min derrotaram no Vietnam, e que tinham perdido o controlo da opinião pública jovem americana). Foi assim que nenhum destes inúteis diletantes foi à tropa, nem faz ideia do que é ser militar. E foi pelo mesmo caminho que transformaram um exército patriota numa tropilha qualquer de mercenários.
2 - Há meses dois soldados comandos, no quartel da Carregueira, deram um arraial de pancada num capitão comando e mandaram-no para o hospital. Ele produzira sobre eles uma informação negativa, que os impediu de serem nomeados para uma missão na Bósnia. É nisto que esta escumalha transformou o exército, sob a falácia de reduzir nas despesas. E é também por isto que esta escumalha se dá ao luxo de tratar a tropa abaixo de cão, porque lhe partiu a espinha há décadas. Escolhe chefias pusilânimes e cúmplices, com reflexos caninos, e deixa correr o marfim. Não fora assim e já tinha levado um pontapé no cu há muito tempo.
3 - Nenhum deles faz ideia das limitações impostas pela condição militar. As restrições de direitos, liberdades e garantias, de cidadania, de expressão, de manifestação, de reivindicação. Não lhes passa pela cabeça que, sem a condição militar, a tropa tem natural direito a associações sindicais, que há muito tempo existem em toda a Europa. A dita passa a ter horários de funcionário público, e às cinco da tarde interrompe até ao dia seguinte uma qualquer acção de busca e salvamento. E ao fim de semana tem direito a ter família e vida pessoal, sem horário ilimitado.
4 - As remunerações dos militares são hoje metade daquelas auferidas há uma dúzia de anos, em paralelo com profissões que lhe eram referência, como juízes, académicos e outros. Basicamente porque os militares não podem reivindicar.
5 - Os hospitais militares foram reduzidos a um só, justamente o que abrangia o efectivo menor, no Lumiar. O resultado é que não chega para as encomendas, nem tem serviços de apoio pediátrico aos filhos de militares até aos 17 anos. Daqui resulta enorme degradação na prestação de cuidados de saúde, que a tropa alimenta com descontos mensais a que nunca se eximiu, nem que o quisesse fazer.
6 - O Instituto de Acção Social das Forças Armadas - IASFA - era um organismo alimentado e dirigido pelos militares, que entre outras administrava as questões da assistência social. Até ser tomado de assalto e gerido por esta escumalha, para colocar os seus rapazes, licenciados em neo-liberalismo pela Univ. Católica.
7 - O Estatuto dos Militares das Forças Armadas - EMFAR - está a ser revisto, sem qualquer participação das Associações socio-profissionais, perante o silêncio cúmplice das chefias. Não faltarão doutos pareceres de afamadas sociedades de advogados pagas a peso de ouro. Mas é difícil imaginar enxovalho maior.
8 - O Fundo de Pensões foi criado e alimentado por militares desde 1990, desde o Cavaco e o Fernando Nogueira, e era gerido pelo BPI. O objectivo era garantir aos velhos pensionistas, com mais de setenta anos e pensões degradadas, que não viriam abaixo de oitenta por centro dos valores activos. O Fundo de Pensões dos Militares acaba de ser extinto.
9 - A condição militar, de facto, é um anacronismo, no mundo em que esta escumalha se movimenta. Ela confunde a tropa com os generais de 4 estrelas, que ela mesma escolhe a dedo. Há nisto uma grande cobardia e um revanchismo histórico indisfarçável. E espera passar impune perante um grupo profissional que aguentou uma guerra absurda durante treze anos, resgatou a pátria das mazelas de séculos duma história desgraçada, devolveu à pátria a dignidade perdida sem lhe pedir nada em troca, deixou atrás dez mil mortos e trinta mil feridos, sem contar as dezenas de milhar de vidas arruinadas que se arrastam por aí num silêncio desesperado. Esta escumalha irresponsável só pára quando voltarmos aos finais do séc. XIX, com a tropa a estender a mão à caridade pública.