"(...) Mais interessam ainda as relações do rei com Eduardo I de Inglaterra com quem trocou muitas cartas, principalmente sobre assuntos comerciais e com quem fez um tratado de comércio em 1294. Correspondeu-se também muito com Eduardo II, cujas opiniões partilhava em 1310 acerca do procedimento dos cavaleiros Templários.
D. Dinis tomou um caminho que demonstra a sua sabedoria política. Lembrou-se dos grandes serviços que as ordens militares tinham anteriormente prestado a Portugal, recordou-se da sua influência e poder, e por este motivo fundou a Ordem de Cristo de acordo com o papa João XXII, em 1319, dotando-a com todos os bens dos Templários, e por esta forma ao mesmo tempo obedeceu ao papa e evitou sérios conflitos no país.
Estas poucas linhas prendem-se com todos os acontecimentos importantes relativamente aos negócios externos, mas não dão ideia do progresso de Portugal durante este período aproximadamente de 50 anos. A agricultura foi largamente favorecida pelo monarca, que fundou escolas agrícolas e hospícios para os órfãos de lavradores, e estabeleceu granjas modelo. Muito fez para honrar todas as empresas agrícolas e levantá-las na consideração da sua nobreza e intentou destruir no seu povo a noção de que a guerra era a única ocupação própria de homens livres. Deu especial atenção ao cultivo das vinhas e plantou o grande pinhal de Leiria, com o qual esperava opôr uma barreira à invasão das areias nessa região. (...).
Mas o predicado mais alto de D. Dinis era o seu amor às letras e o estímulo que deu ao ensino. Foi D. Dinis que fundou a primeira universidade portuguesa em Lisboa. Depois de diferentes transferências, a universidade estabeleceu-se em Coimbra, tornando-se o centro da influência literária em Portugal. O rei era também um poeta de apurado gosto, e no número, beleza e variedade das suas composições provou ser o maior poeta da sua corte.(...)".