O destino era a aldeia do Larinho, onde um editor ia apresentar uma nova edição. Porque nem tudo em Portugal acontece na cidade ou a 50 Kms do mar. Há quem resista, por uma qualquer razão. Foi assim que eu fui parar a Torre de Moncorvo.
A igreja matriz é quase uma sé. É certo que as talhas barrocas não são fulgurantes, e são de barro pintado. Mas há para lá do transepto um cadeiral de bispos que dá que pensar.
Ali ao lado, o museu do ferro da serra do Reboredo foi uma surpresa. Lembro-me muito bem, numa incarnação há muitos anos, de quando fui o capitão vermelho e transportei, de jeep ou de Renault 4, um gabinete inteiro de técnicos, (engenheiros, topógrafos, desenhadores, porta-miras e outras gentes), que tinham chegado de África e era preciso pôr a trabalhar. Tempos de brasa!
O plano seria retomar a exploração do ferro da serra do Reboredo e transportá-lo para Sines, onde uma siderurgia se ocuparia dele. O transporte previa-se de comboio, sendo preciso ligar a estação do Pocinho a Vila Franca das Naves.
Em Sines ainda deve haver um terminal ferroviário vastíssimo, por certo inacabado. A mim só me competia andar abaixo e acima, ao serviço daquela gente toda.
Certa vez trazia um engenheiro timorato, sentado no R 4 no lugar do pendura. Saímos do Pocinho e íamos para Lisboa. Mas ao chegar a Celorico da Beira o homem foi à estação, comprou um bilhete e foi de comboio para Lisboa.
Tranquilamente, eu continuei sem pendura no velho Renault 4.