sábado, 8 de julho de 2017

Tancos, há meio século

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O Pereira era açoreano, e treinava auto-rotações com um aluno num taxiway secundário, como manobra de emergência. A geringonça punha o focinho no ar, como um guarda-chuva que roda por si, e vinha descendo controladamente até chegar ao chão. Em frente não havia visibilidade.
Foi então que o Brito, sempre cheio de pressa, precisou de descolar na direcção contrária. Saiu a rapar, e se a torre lhe interditou a manobra, não ficou notícia disso. O Pereira acabou por desabar mesmo em cima do Brito.
Nunca vi um ilhéu transformado num torresmo com tamanha eficácia. Era um negro pedaço minúsculo, e um ferimento de alma que se não descreve. Terá sido entregue à mãe numa urna fechada, e ainda bem.