O Zé mora numa casa de escadaria e alpendre, desenhada em tempos por algum jeitoso vendedor de caramelos, que faz uns riscos para entregar na câmara. Muito bem à portuguesa. O alpendre e a escadaria, cobertos de falso mármore, são feitos de ladrilhos espelhados. E foi há dias que um algeroz em mau estado os cobriu de água que gelou durante a noite.
O Zé começou o dia a patinar. Estatelou-se no alpendre e acabou a contar as escadas uma a uma. Na emergência, o que podia ser feito era levá-lo ao centro de saúde.
O médico decidiu rapidamente evacuar o Zé para a urgência hospitalar, onde melhor poderiam esmiuçar-lhe os costados. Mas o Zé não achou bem, era uma perda de tempo, o que ele queria era voltar para casa. E lá voltou, porque é teimoso e o físico resignou-se.
O Zé recolheu-se à cama. E quando os costados se lhe queixaram a sério, lá mandou a mulher pedir ajuda. Queria ir consultar um entendido, um endireita de muita nomeada.
Depois de alguns esticões o bruxo diagnosticou-lhe umas costelas partidas, aplicou-lhe um bom pegão e aconselhou-o a recolher à cama. O bom do Zé já tem ali para meses!