Era uma das crias da numerosa ninhada do latoeiro da aldeia, no tempo em que havia disso. E bem fazia ele o que sabia pelo sustento do rebanho, fosse a martelar na folha novos apetrechos da arte, fosse a remendar a soldas a ferrugem dos antigos. A mulher cozia pão no forno comunitário. E Augusta, já espigadota, vendia-o nas redondezas.
Um dia chegou a altura da rapariga pensar no casamento. E ela casou, com um africanista que saíra há anos dum povo da terra quente, e governava a vida num sertão da Zambézia. A moça mandou-lhe fotografia, e o casamento fez-se por procuração.
Augusta nunca pensou que o mundo fosse tão grande, nem que fosse tão custoso dar-lhe a volta até ao fim. Mas acabou por chegar ao seu destino. O pior veio depois, por achar o africanista que a bota não dava com a perdigota. O muito que a foto lhe prometera não acertava com o pouco que a mulher apresentava. E logo a repudiou.
Augusta refugiou-se nuns parentes afastados, ninguém sabe hoje dizer com que alma sobreviveu. Mas consta que anos mais tarde o casal se recompôs, sem ter chegado a dar fruto. Até que a morte apareceu, ou a vida, quem o sabe, e encerrou aquele equívoco.