O preso 44 apareceu na cela com um par de botas que não trazia há três meses, e com razão vêm proibidas no regulamento. De formas que o Zé Luís, o director-adjunto do estabelecimento, logo interrogou seis guardas, pra saber qual deles foi o cabrão que deixou entrar aquilo.
O inquérito do Zé Luís não levou a conclusões. E a própria Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais recusou-se a confirmá-lo. Informou só que a DGRSP tem o dever de reserva sobre a situação dos presos, o qual abrange aquilo que diz respeito ao dia-a-dia da cadeia e dos seus trabalhadores. Quer dizer, a direcção-geral mandou foder o jornalista metediço.
O preso 44 veio a ser intimado a entregar as botas no depósito. Mas mandou foder os serviços e anda com elas calçadas. O seu advogado já pediu ao Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa que revogue a ordem de retirada das botas ao cabrão do 44. Mas o douto tribunal declarou-se incompetente em razão da matéria. De formas que ao advogado só restou o recurso hierárquico para o director em pessoa, que é o Sá Gomes.
No fim de tudo o cabrão do jornalista apenas pôde concluir que o director-adjunto, o Zé Luís, é o mesmo que os guardas acusaram de ceder o seu próprio gabinete, donde o preso 44 chegou a fazer chamadas telefónicas sem qualquer controlo.
Metido em tal par de botas, este escriba conclui e garante duas coisas: o jornalista metediço é do Público; e aos magistrados da corda e seus serviços prisionais não é o cabrãozeco dum preso 44 que vai agora fazer-lhes a eles o ninho atrás da orelha. Só nascendo duas vezes, conforme disse um dia o cabrão-mor. Tás a morder?!