quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Alçapões

 O primeiro papa espanhol, vindo dos Borgia, foi Calixto III, soprado aos cardeais por um espírito santo de orelha em 1455. O segundo foi Rodrigo Borgia, eleito em 1492 com o nome de Alexandre VI. Um pasquim de Roma escrevia então: "O papado foi para quem pagou mais aos que gerem a urna da santa lotaria."
Passava-se isto num tempo em que a barcaça da Roma Católica mais que nunca naufragava no vício, na simonia, na imoralidade, no escândalo desbragado, na orgia, no assassinato, na criminalidade. E muito antes de ser papa, já Rodrigo Borgia era cardeal, um insubstituível vice-chanceler. É nessa condição que durante anos mantém com a Vannozza uma relação oculta, da qual resultaram quatro filhos: Juan, Cesare, Lucrécia e Jofré. A Filha do Papa é esta renomada Lucrécia.

Na cultura italiana, Dario Fo é uma figura dada ao teatro, enquanto autor, actor, mimo, palhaço, saltimbanco, crítico iconoclasta, entre múltiplos papéis. Em 1997 foi-lhe dado o Nobel da Literatura, num gesto que surpreendeu. E é seu o presente romance, que a D. Quixote da Leya pôs no mercado. 
Eu trouxe-o para casa, porque em má hora o encontrei na livraria e fui no engodo. Mas nem ele é coisa que se chame romance, nem traz nada de novo que mereça referência e justifique o preço. É apenas mais um desperdício, disfarçado de alçapão perfeito.