Sempre gostei muito das laranjas da Congida, no Freixo, desde que as conheci. E hoje vou lá buscá-las sempre que preciso, antes que os espanhóis as levem todas. As laranjas do Douro Internacional, até ao Mazouco, fazem inveja aos subprodutos que os barcos trazem de sertões distantes.
Foi à custa delas que conheci o Antunes. Andou pela Índia antes do pandita ter invadido Goa. Mas o Antunes não chegou a conhecer os campos de prisioneiros onde passaram meses os soldados do Vassalo e Silva, que mandou bugiar o Salazar e se rendeu, quando viu 45 mil homens invadir Goa, mal defendida por 3 mil maltrapilhos sem munições nem armas.
Nessa altura já p Antunes lá não estava, que já tinha passado a Moçambique e Angola. Nas entrelinhas percebo que o Antunes serviu na Pide, mas não é já o tempo de eu me questionar com isso, nem de criar conflitos inúteis. O que leva à Congida são as recordações e as laranjas.
De África regressou o Antunes na ponte aérea de 75. Veio parar aqui, onde tinha raízes, comprou a quinta no sopé do monte e plantou nela as laranjeiras que ela não tinha e as oliveiras que dão o azeite cornicabra. Fá-lo ele, num lagar que tem em Escalhão e é muito bom.
O mundo é assim, largo e multifacetado, cumpre-nos usufruí-lo. Enquanto nos sobrar alma para isso.