Vai-se dizer que isto é uma chinesice mas não é verdade, que tudo tem na vida o seu papel. A câmara municipal decidiu em tempos recuperar um antigo lagar de azeite, e criar nele um restaurante mesmo à beirinha do rio. Um lugar de romaria.
Chamou-lhe pomposamente o Centro de Investigação Gastronómica, e servia nele sabores muito antigos, como a lagarada, o polvo à lagareiro e outros. Sabores que a gastronomia moderna já esqueceu, e eram heranças das comidas de outro tempo, quando o lagar laborava.
Durante uma dúzia de anos a câmara explorou o restaurante, e o cliente cultor tinha ali o seu santuário. Mas um dia resolveu libertar o orçamento camarário, e fez o que devia ter feito desde o primeiro dia: concessioná-lo.
Tão alta colocou ela a fasquia que nenhum futrica lhe pegou. O pessoal deixou de lá trabalhar e o restaurante fechou. Quinhentos quilómetros em redor ficaram só estancos rotineiros, e o mundo ficou mais pobre.