terça-feira, 6 de setembro de 2016

God bless quê?! (bis)

Razões parecidas levam-me a reincidir!
« (...) Na Grécia, o exército britânico derrubou a popular Frente de Libertação Nacional, de inspiração esquerdista, e restaurou a monarquia e uma ditadura de extrema-direita, desencadeando um levantamento organizado pelos comunistas.
Um elemento do Departamento de Estado viria mais tarde a resumir a situação: "A Grã- Bretanha, no espaço de uma hora, entregou a função de líder do mundo... aos Estados Unidos". (...)
A guerra civil grega tornou-se mais sangrenta, e pessoal dos Estados Unidos identificado como "conselheiros" chegou à zona de guerra em Junho de 1947. Os Estados Unidos armaram amplamente a monarquia de extrema-direita e toleraram as prisões políticas e as execuções em massa do seu cliente. Foi um conflito especialmente selvático, com técnicas - algumas antigas outras novas - que anticipariam as que mais tarde foram usadas no Vietname, como as deportações em massa para campos de concentração, prisões em massa de mulheres e filhos de subversivos, execuções, destruição de sindicatos, tortura e bombardeamento de aldeias com napalm. A Grécia foi mantida nas mãos de ricos homens de negócios, muitos dos quais haviam colaborado com os nazis; as vítimas foram principalmente trabalhadores e camponeses que tinham resistido aos nazis. (...)
Na Grécia [1965], o berço da democracia, onde a Guerra Fria começara e os Estados Unidos haviam apoiado um governo de extrema-direita durante muitos anos, um novo anseio pela democracia apareceu, e entregou ao veterano liberal Georgius Papandreou o cargo de primeiro-ministro. Johnson chamou o embaixador grego e disse-lhe textualmente: "Oiça-me, senhor embaixador - que se lixe o vosso Parlamento e a vossa Constituição! A América é um elefante, Chipre é uma pulga, a Grécia é uma pulga. Se estas duas pulgas continuarem a fazer comichão ao elefante, são capazes de levar uma pancada da tromba do elefante - uma pancada a sério! (...) Nós pagamos muitos e bons dólares americanos aos gregos, senhor embaixador. (...) Se o vosso primeiro-ministro me vier com conversas sobre democracias, parlamentos e constituições, ele, o seu parlamento e a sua constituição, talvez não durem muito tempo". 
Com efeito, não duraram. A Junta militar tomou o poder em 1967, banindo as minissaias, o cabelo comprido e os jornais estrangeiros, tornando a ida à igreja obrigatória, ao mesmo tempo que era responsável por numerosos incidentes de tortura e crueldade com cariz sexual. O seu novo primeiro-ministro, que fora capitão num batalhão nazi de segurança que localizava combatentes gregos da resistência, tornou-se o primeiro agente da CIA a ascender ao cargo de primeiro-ministro dum país europeu.»
Mais palavras para quê?!