quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Almofala (Figueira de Castelo Rodrigo)

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(...) «O facto de que apenas se mantém de pé esta torre, numa área onde hoje não existe qualquer outra edificação, justifica-se pelo facto de ela ter sido aproveitada sucessivamente, tendo, entre o séc. XVI e o séc. XVII, servido como torre de vigia. O facto mais importante é que esta torre, apesar das alterações que sofreu posteriormente, é uma edificação romana.
Hoje, a torre ergue-se isolada, dominando a paisagem. Localizada no alto duma elevação de perfil suave, oferece um perfil estranho, com o seu interior esventrado e mantendo apenas duas paredes mais completas. Mas é quando nos aproximamos que percebemos que a escala é surpreendente, e que, de facto, o que temos à nossa frente não pode ser uma qualquer torre medieval. 
De facto, a base sobre a qual as paredes se elevam tem uma altura de 2,65 m e é integralmente construída em silharia de granito. (...)
A descoberta de uma inscrição gravada numa pequena ara forneceu a informação pela qual tantos arqueólogos buscam em qualquer escavação, especialmente de época romana: o nome duma divindade e a designação da cidade que teria oferecido o monumento. A inscrição é muito simples e a pequena ara, isto é, o pequeno altar em que ela se encontra gravada também o é! Um altar de culto onde seria prestada veneração à divindade, tendo para o efeito, na sua parte superior, um pequeno foculus uma concavidade, onde seriam colocados os líquidos necessários à cerimónias religiosas. Essa inscriçao refere-nos:
IOVI.OPTIMO / MAXVMO / CIVITAS / COBELCORUM "A Júpiter Óptimo Máximo, a cidade dos Cobelcos". (...)
Clara é a afirmação de que este local era uma civitas, o que equivale a afirmar que esta povoação dominaria e administraria um vasto território. A sua região seria naturalmente limitada a Norte pelo rio Douro, a Nascente pelo rio Águeda e a Poente pelo rio Côa. A Sul seria a serra da Marofa a estabelecer a limitação geográfica do territorium
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(...) «Andemos um pouco mais e desloquemo-nos à ermida de Santo André na povoação de Almofala. O que nos chama a atenção são as duas esculturas de berrões, ou verrões, que ladeiam o portão de acesso à ermida.(...)
A imponência destas duas esculturas contrasta com a singeleza da portada de madeira de duas folhas, que abre caminho a uma igualmente singela vereda que acede à pequena ermida. (...) Quem se afastar um pouco mais da ermida e das ruínas que ainda se vêem no local, depara com um magnífico miradouro natural que se debruça sobre uma garganta escarpada profunda, sobranceira ao rio Águeda. (...) Destacam-se os abutres localmente denominados por butardos, com dezenas de casais distribuídos pelos afloramentos rochosos. (...) Outras espécies características deste vale são o abutre do Egipto, localmente conhecido por Britango, a Águia-real e a Cegonha preta. Pode observar-se ocasionalmente o Abutre-negro. (...)»