São dois aviõezinhos amarelos e um zumbido no ar, com flutuadores e focinho comprido. Ontem era um helicóptero, que enchia o saco na barragem ao lado. E já tinha o incêndio controlado quando a noite chegou.
Ao lusco-fusco partiu, pois que remédio. A encosta reacendeu-se, e foi à luz dela que reguei as plantitas da horta, já de noite. E o fogo por lá andou, em roda-livre, com luzinhas de bombeiros ao redor, mais não podiam fazer.
De manhã havia fumos dispersos, a escapar de algum tronco em combustão. Agora chegou esta parelha. Amaram no espelho de água, enchem os tanques internos, retomam gás e lá vão. Repetem o circuito, largam uma chuvada na encosta, amaram outra vez. E quando lhes parece vão-se embora, porque nada disto é o da Joana.
Eu assisto do alpendre e regozijo-me. Até que deixo de os ver, só um zumbido a afastar-se, cada vez mais longe. E volto a regozijar-me, porque a vida é bem melhor quando uns fazem o que devem. Dos outros não há nada que esperar.