Deixo passar a canícula e vou à rua. Lavo os olhos e vou ver a feira medieval de Penedono. As ruas andam cheias de gente, coisa rara. Andam nelas os velhos e os novos e os mais jovens, e os bebés que dormem nos carrinhos. E não encontro ninguém naufragado num ecrã.
Por trás da animação da feira há uma estrutura que vem de Santa Maria da Feira. Traz músicos e cavalos de cruzados, com cotas de malha ao peito. E um grupo de beduínos com toadas dum deserto, e bailarinas que prometem danças do ventre. Há um par que maneja uma sanfona, e um grupo de harmonias medievais a acompanhar o mestre do rabel. É assim que o mestre lhe chama. Mas o Morais diz que é uma pequena rabeca pastoril e chama-lhe arrabil. Tudo bem, salvo para estes dois burros de Miranda, que para além dos alforges carregam nas albardas os juvenis cavaleiros inseguros.
A câmara expôs a catapulta, e a balista e a alta torre de cerco, que facilitava o assalto das muralhas. Mais lá para a noite está prometido um movimento no castelinho residencial. Mas isso é quando aparecer a lua nova.
Bebo uma ginjinha de Óbidos em copo de chocolate, compro um sabonete de rosas que alguém fez em Tondela e não veio da Provença, levo um garrafa de tinto da Pesqueira e regresso a casa emocionado. Pois que mais!
Adenda: No caminho chegam-me notícias da Europa. A repetir ameaças duns calvinistas contumazes lá do Norte, que adiaram por 15 dias as sanções a Portugal. Por causa duns pecados do défice e da carne, e do Sol, e do Sul... Grandes cabrões!
A loira dos balões de hélio aproveita e vem lembrar que fosse ela ainda ministra das finanças e não havia sanções. Pudera! As putas que estão por conta não têm consumições. Vão à janela arejar os balões e riem-se para a rua.