Como a fruta numa sombra, refastelado no muro. E logo passa o João, a cavalo num tractor, a achar estranho ver-me assim tão longe, a manejar os bastões. Mas eu é que julgo exótico vê-lo montado em duzentos cavalos, à frente do rebanho que atrás vem, obediente e ordeiro, vereda fora. Recolho-me para escapar à poeirada. Até que, lá no coice, passam nove cães, dos pequenos e dos grandes, a guardar a retirada.
Na ladeira que sobe duma quinta aparece o homem dos morangos. Pára ao lado e desliga o motor, quer saber porque não voltei lá. Oferece-me uma mancheia, que me sabem a morangos verdadeiros. Digo-lhe eu que Roma e Pavia não se fizeram num dia, e lá vai ele.
No leito deste ribeiro há íris amarelas que estão a perder a flor, com rizomas que hei-de recolher em lhe chegando o tempo. Ponho-me a cogitar que se vão dar bem lá num jardim, mas já cheguei à Casa das Fidalgas.
Empurro o velho portão que ameaça desconjuntar-se e dou comigo perdido num sertão. A hospedeira do café vai-me explicar que tudo ficou assim desde que o Gastão morreu. Hoje o dono é de Leiria, há uns anos veio aí e comprou o Solar dos Brasis para um projecto de turismo. Mas as coisas emperraram e agora é o que se vê.
Causa-me grande tristeza, este abandono. Se cá fora é o que se vê, lá dentro nem se imagina. Mas o que é que havia a esperar dos ouros desses Brasis?! Só resistir, se resistências houvesse!