sábado, 18 de julho de 2015

Duas coisas são de sublinhar

 
A quantidade e o volume de inteligência desperdiçada são surpreendentes neste mundo. Aqui temos nós um romancinho de 350 páginas onde eles fulguram, sem ganhos assinaláveis para a literatura.
Há uma estrada que há-de levar à Europa, uma expropriação, um velho que a não aceita, uma juíza encarregada de dirimir a questão, um engenheiro de obras, um oficial de execuções, uma jovem oficial da GNR, uma História muito antiga, uma juventude maoísta... O thriller acaba por ter um desenlace a contento. Mas sobra no fim algum sabor a pouco, à fragilidade do tema, ao assunto friável, a um grande desperdício de talento. Será isto o que o mercado pede, mas não é seguramente o que enriquece e faz vibrar o leitor.
O discurso é escorreito e límpido, sem criatividades de pacotilha. O formalismo narrativo é rigoroso mas tradicional, sem surpresas nem inovações. E duas coisas nele são de sublinhar. A primeira é a visão impiedosa dos mitos da gesta gloriosa, e os equívocos da ida à Índia. A segunda é o detalhe e o volume de informação sobre o que foi no terreno a guerra das Invasões Francesas, particularmente a do Massena. 
Trazer informação e conhecimento é um dos fins da literatura. E é nesse recanto que um leitor atento mais poderá ganhar.