Portugal nasceu como país inviável, e nele marca o rei D. Dinis a fronteira do possível. Entre o mais, foi o rei que emprestou dinheiro a Castela. Desde então, por entre sobressaltos esporádicos, o resvalar para a irrelevância e a decadência foi um contínuo.
A tomada de Ceuta, que por aí anda a ser celebrada, não foi mais que uma inconsequente e ruinosa rapaziada de corte. Atiçada por bulas papais da cruzada medieval, e pelos apetites duma nobreza desocupada da Reconquista, a aventura ficou-nos caríssima e deu início às peripécias da gesta gloriosa. Alcácer-Quibir, e o que se lhe seguiu, foi o corolário fatal do equívoco.
A única força organizada e consequente que alguma vez existiu em Portugal foi a nação judaica. Expulsa ela do reino, perseguida e açulada para satisfação de Roma, tratou de ir fazer o que sabia para outros lugares.
O país ficou condenado à voracidade de elites venais e parasitas. O povo alimentou-se de escuridão, de mitos, de desespero, arrastando uma história desgraçada que não conhece nem julga. E Portugal nunca teve, nem hoje tem, salvação.