Uns cartazes prometiam hoje o lançamento de trutas na represa. Virá daí o formigueiro destas viaturas, estacionado nas enseadas do lago. E no límpido silêncio da manhã ouve-se o galrejar dos pescadores de canas espetadas nessas margens. Teme-se um infanticídio.
Eu tenho mais que fazer e vou à vida. Mas levo na lembrança o prado de lima que hoje dorme por baixo do espelho de água. Muitas vezes lá levei as vacas a pastar. Regressávamos todos ao crepúsculo, as vacas de odre redondo a trepar a ladeira e eu atrás delas a cavalo na Marquesa, o velho rádio de pilhas enfiado na ombreira, enquanto ouvia "um conto radiofónico pelo doutor Paulo Pombo".
Eu nunca cheguei a conhecer o Pombo. Mas os contos dele ficaram por aí.