Os portugueses vivem seguramente no melhor dos mundos possíveis. Já que, à esquerda e à direita, elegeram há tempos e têm a cuidar da pátria um governo de assaltantes de estrada.
Tomemos como exemplo, entre múltiplos melhores, este capitão, aquele sargento, um soldado comum, que sofre uma emboscada no Afeganistão ou alhures. Isto ao serviço da pátria, que quer dizer ao serviço da Nato, que quer dizer ao serviço da América, que quer dizer ao serviço da finança, que quer dizer ao serviço das elites, que afinal sustentam este mundo.
A este capitão, àquele sargento, a um soldado qualquer, ficou a coluna num oito e a alma num farrapo. E ficaram também 3,5% do salário que desconta para a Assistência na Doença aos Militares (ADM) [tal como a ADSE], porque a Saúde Operacional dum militar em serviço é paga por ele desde há uns tempos. Assim como os cuidados da Assistência aos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) que a pátria há muito tempo alijou borda fora.
Se a mulher do soldado, que ficou em casa a tratar da família, precisar um dia de cuidados médicos, terá direito aos que houver, pagando 3,5% de 80% do salário. Se um filho ficar doente, o Hospital das Forças Armadas (HFAR) tem valências que o abrangem se ele tiver mais que 17 anos. Abaixo disso não as há.
Porque o serviço de saúde militar tem vindo a ser paulatinamente arruinado, em técnicos, prestações e instalações, em favor da auto-sustentabilidade. A Estrela já é da Misericórdia e dos mixordeiros da construção, as instalações da Marinha foram alienadas, e o hospital que restou foi o da Força Aérea, ao Lumiar, que não dá para as encomendas.
Afinal vem a saber-se, pela voz do Tribunal de Contas, que ADM e ADSE são excedentárias e auto-sustentáveis, e que os seus utentes estão a ser sangrados. E que o governo dos assaltantes de estrada desvia o excedente para sustentar o défice. Às ordens das elites, às ordens da finança, às ordens da América, às ordens da Nato, às ordens da pátria e às ordens dos portugueses, que vivem no melhor dos mundos possíveis.
O melhor está para vir. Consta por aí que este governo de desqualificados assaltantes de estrada se arrisca a repetir a dose nas próximas eleições.