Era novo, corria os sertões dos bailundos à desfilada, de sabre desembainhado. Os cavalos tinham vindo da Argentina porque alguém os considerou os melhores que havia no mercado, a pacificar cuamatos. Não eram já os tempos do João de Almeida, estes agora exigiam comandos mais modernos. E a sua coluna aguentou-lhe as cavalgadas, nada que um espírito devotado e jovem não pudesse encaixar.
Porém o tempo passou. E agora há vértebras que foram danificadas, e discos esfacelados, e dores que resistem a medicações. Quando elas vêm perde o equilíbrio, chega a desabar na rua. Os serviços do hospital não dão para as encomendas, os médicos não estão lá, que foram para melhores lugares a governar a vida.
Já nem lhe dá para pintar, fechou o atelier. Tem uma mulher fiel, três filhos que seguiram artes, uma cadela dócil e muitos sofrimentos. Ainda fuma, que ninguém pode prescindir de tudo. A cabeça povoada de lembranças ainda a tem, outros se acharão pior. E quando a pátria precisar de militares, chama-se o conde de Lippe.