A vilória, que não vem no mapa, tem uma avenida Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao meio. Em volta dela espalham-se arrabaldes, onde há anos se secava o milho no final do Verão, quando o havia. O burro ficava preso numa ferradura entalada na parede. E nada mais existia nem existe. Por isso é na avenida que os novos adamastores instalaram o circo.
A única coisa que os motiva são as coimas do trânsito: são elas que os justificam, que lhes fazem currículo, lhes arredondam a bolsa doméstica e compõem o orçamento das finanças.
Este escriba já foi mimoseado com uma coima transitória de 250 euros, e a pena acessória de perder a carta de condução durante o máximo de um ano. Será um exercício gratuito e muito doloroso, mas na minha longa vida já vivi coisas piores.
Tudo o resto que diz respeito ao trânsito lhes é indiferente: os imbecis que viajam de farolada ligada a encandear os outros, às vezes um farol caolho, outras vezes a sair do nevoeiro sem uma candeia acesa. Na noite de fim de ano, por essas estradas, sete condutores foram parar à morgue. Mas tudo isso é indiferente a estes parasitas.
Calçados nas botas de cavaleiros do regulamento, falam grosso aos cidadãos comuns na avenida Gago Coutinho que não vem no mapa. Talvez se fodam.