«(...) Não percebo o que se passa hoje nas cabeças das pessoas. Tudo, na consideração da arte, é passível de nivelamento? Um fado cantado pela Amália representa o mesmo nível de conseguimento artístico que um Lied de Arnold Schönberg cantado por Dietrich Fischer-Dieskau? Se eu verbalizar a minha veneração absoluta pela Pietá de Miguel Ângelo têm obrigatoriamente de me vir falar dos bordados da Joana Vasconcelos? (...)
Claro que há o gosto a que cada um tem direito - isso não deve ser contestado; eu quero que todos gostem daquilo de que gostam. A arte existe para dar felicidade. Mas o facto de cada um ter o direito de gostar daquilo de que gosta é uma coisa: a existência do Sublime é outra. (...)».
[Frederico Lourenço, O Lugar Supraceleste, Cotovia)