Deitei um filho ao mundo, escrevi um livro ou dois, fiz
uma casa nova na paisagem. E tirei a tralha dos caixotes antes que a noite
chegasse. Encerei bem as madeiras, limpei as lixaradas, fiz a cama em que me
vou deitar. No fim saí ao alpendre a sondar o horizonte. Era ainda o mesmo que avistei,
há uns cem anos por pouco, numa antiga madrugada em que os olhos se me abriram
pela primeira vez.
Encontrei à minha frente a Orion, com a Betelgeuse e as
três Marias no meio, desenhadas num céu que suspendeu as névoas para me
surpreender.
Rejubilei do presságio e fui dormir. É que me falta enraizar
umas árvores, e acordar cedo para sujeitar à horta os alhos mais as favas. Já
está aí o tempo deles.