O café é dos antigos, há muitíssimo tempo que o não via.
E ainda sobrevivem nele, no aquário do canto, piriquitos e canários a saltar de
ramo em ramo.
Os velhos já não discutem arte nem mundanidades,
deambulam apenas num crepúsculo. Falam de capitais angolanos, de golden shares
douradas, e do Nabo que se foi embora a tempo.
Passa um retardatário à procura duma bica. Reformado na
sua gabardina, passa alto e elegante, ergue o braço a um ignoto führer.
E considera que tudo fica dito, pois não diz uma palavra. Pouparam-no à
hecatombe de Stalingrado e agora é isto.