Convenhamos que o nome era algo possidónio: Centro de Investigação Gastronómica! Tratava-se dum velho lagar de azeite abandonado à ruína, ali à curva do rio, um lugar bem aprazível. A cozinha servia velhos sabores, antigas iguarias que os lagareiros usavam ao almoço, nos intervalos da faina.
Não havendo empresários futricas com capacidade para o reconstruir, a câmara tomou isso a seu cargo. E fê-lo bem. O interior era em pedra, da decoração constavam antigas mós, equipamentos e prensas que vieram do Rossio ao Sul do Tejo.
Em vez de concessionar o restaurante, a câmara explorou-o durante vários anos, pendurado no orçamento. Os clientes começaram a afluir e eram bem servidos.
Um dia a câmara decidiu concessioná-lo. Mas colocou a fasquia tão alta que nenhum privado lhe pegou. O pessoal foi para a rua e o restaurante fechou, aguardando uma ruína nova.
Agora, quinhentos quilómetros em volta não há restaurante onde valha a pena ir. E aumentou a desertificação do interior, neste tristonho país.