Uma das coisas que caracteriza e distingue o burgo de Trancoso é o parque municipal. Foi criado aqui há cento e tal anos, por um autarca ilustrado. Isso não basta para que os indígenas lhe dêem a importância que merece. Passam-lhe ao lado e é pena.
"O parque não é espelho de cuidados, nem parece ser objecto de paixões desenfreadas. Não é caso de admirar. O viajante deixa-se levar pelas ruelas de saibro, pelas várias naves desta catedral pagã. São altíssimas as copas, sempre a disputar o sol, já que não pode esta faia chegar-se àquela tília, ó vizinha dê-me lume. Lá tem a natureza as suas regras, assim as cumprissem todos. (...)
Ainda hoje um tal cuidado é cativante. Mas não explica donde vieram estas faias, e os cedros do Himalaia, e os bordos da Noruega, e os castanheiros da Índia, e os ciprestes do Arizona, e as tuias americanas, e os variados carvalhos, e os teixos, e os mostajeiros, e as sequóias sempre-verdes, os abetos brancos e os do Cáucaso, os pinheiros insignes e os silvestres e os da Ponderosa, os freixos e azinheiras e plátanos e robínias, os loureiros reais e os ulmeiros, os castanheiros e sobreiros, e o mais que este viajante não sabe identificar."
(Portugalmente - Peregrinação da Lapa a Riba-Côa, Ed. Âncora, Lisboa, 2012)
Andaram aqui uns especialistas da flora de Serralves e classificaram isto tudo. A maior parte das tabuletas foi vandalizada, e os nomes já se perderam. Que nos valha um deus pagão!