Não sei bem o que a vida seria, sem música, sem literatura e sem pintura. Uma das minhas frustrações há-de ser partir um dia para a eternidade sem levar um instrumento musical, para lá tocar. Ainda assim imagino o que ela será, passada entre cus de anjinhos loiros e cânticos de louvor.
Era eu pouco mais que infante, na mão dos jesuítas (chamo-lhes assim!), quando obtive permissão para passar os intervalos em frente duma pauta de música, em vez dos jogos. Havia em cada sala uma organeta de pedais, que simulava um órgão. Passado um tempo e já se ouvia cá fora um arremedo duma sonata de Bach. Havia quem passasse e fosse ver. A nossa vida é mesmo um poço sem fundo!