quinta-feira, 22 de maio de 2008

Aniversário

E já passaram dez anos. Depois da feijoada sobre a ponte, que bateu recordes mundiais, abriram finalmente as portas da Expô.
A princípio, os pais da coisa juravam a pés juntos que o projecto se auto-financiava. Eram os tempos do país do sucesso. E os portugueses, longamente educados a embarcar em balelas e milagres, acreditaram que a Expo 98 não custaria um cêntimo ao país.
A conta afinal chegou, depois do estralejar do foguetório, havia já quem andasse a recolher as canas e os proventos. Por junto custaria ao orçamento... em percentagem do PIB... huumm... é só fazer as contas! E o orçamento pagou.
Mas tudo fora um sucesso. E ainda hoje é razão de grande orgulho para os lunáticos impenitentes, que desde há séculos confundem o país com a praceta onde nasceram. Não está ele aí o Parque das Nações, e o Pavilhão Atlântico, e o Teatro Camões, e um Oceanário que nem nos países ricos?
É certo que não sabem que destino dar ao Pavilhão de Portugal, um remorso que persiste, esse símbolo do vazio. Nem para armazém de mitos, mas que importância tem isso? Viver com os pés no Portugal real não é um exercício prazenteiro. E as luminárias sonhadoras há muito se demitiram de o fazer.