A sagacidade de D. Dinis, que era poeta e administrador, fez o resto. O tesouro dos Templários estava em Castro Marim, em Tomar, em Almourol, e aqui mais perto em Longroiva, e na aldeia templária de Aveloso.
Nada dos seus tesouros reais passou aos cofres do reino. Tudo ficou na Ordem de Cristo, cujo grão-mestre foi o Infante do Chapéu Grande, da ínclita geração. E foi usado para financiar a gesta gloriosa, e o primeiro mercado de escravos em Lagos. Valeu a pena!
Ao amanhecer desse dia, com impecável precisão, milhares de servidores reais entraram nas inúmeras casas e comendas templárias em solo francês para levarem a cabo a detenção em massa. O trabalho policial foi enorme, pois os vinte mil membros do Templo foram presos em simultâneo; destes só 546 eram cavaleiros, que viviam nas cerca de 3 mil casas que o Templo possuía em toda a França. A surpresa e a incapacidade para entenderem o que se estava a passar levaram os membros da Ordem a deixar-se prender sem opor qualquer resistência. Entregues às autoridades judiciais, nesse dia todos ficaram presos e incomunicáveis nos cárceres reais. Quase nenhum conseguiu escapar.
A natureza das acusações exigia a intervenção da Inquisição, cujos tribunais, especialmente em Paris, começaram rapidamente a trabalhar. (...)
Os delitos imputados aos membros da Ordem eram de suma gravidade naquela época: eram acusados de negar a Cristo, cuspir, pisar e urinar sobre a Cruz nas cerimónias de recepção de irmãos. Insistia-se que nelas davam rédea solta à sua maldade, entregando-se a práticas obscenas, tais como obrigar os neófitos a dar beijos na boca, no umbigo e nas nádegas dos outros irmãos. (...)»