A Lapa anda enfim chuvosa, ventosa, tempestuosa. Se por cá se celebrasse Iemanjá, não sei o que aconteceria. Mas só se celebra aqui o montanhês do S. Brás dos Montes.
«(...) Perdeu ocasião de ver o S. Brás dos Montes, ali aos pés do Almansor, bom advogado dos males de garganta e afamado protector de gados. Já foi um Senhor da Pedra, antes de ser o que é hoje. E o viajante suspeita de que foi, em tempos muitos antigos, aqui perdido entre os bosques, um lugar de cultos pagãos, donde se espavoriam os maus espíritos à força de alaridos, de estrondeios, e de golpes de chuço e de bordão. Hoje é um bom pretexto de farnéis e arruadas de bombos, de gritarias e cenas de varapau entre as maltas de Miguel Choco. do Carapito e outras. Tal é, pelo menos, a fama que lhe ficou. (...)»
[Portugalmente, Peregrinação da Lapa a Riba-Côa, Ed. Âncora, Lisboa, 2012]