«(...) O trigo, os cavalos e as armas eram bens muito procurados pelos grão-mestres da Ordem, que supervisionavam a recepção das provisões enviadas para o Oriente. Para assegurarem o transporte, as frotas das repúblicas marítimas italianas - Génova, Veneza e Pisa - não eram de confiança, o que Levou o Templo e outras Ordens militares a proverem-se duma frota particular. A partir de finais do séc. XII, os templários passaram a dispor de embarcações próprias. Foram ainda utilizadas para o transporte de peregrinos; estes também desconfiavam dos marinheiros italianos, que a dada altura tinham decidido acabar com as expedições , vendendo os romeiros como escravos em praças muçulmanas do Magrebe. Os principais portos europeus de embarque dos navios da Ordem eram Marselha, onde se concentrava o tráfego dos barcos templários aragoneses e provençais, e Brindisi, no Sul de Itália.
Pouco se sabe sobre as embarcações do Templo. Não se tem uma noção certa dos barcos de que dispunha, e é provável que não se tratasse duma frota tal como se entende hoje em dia. Recorrer a barcos improvisados ou a navios de outras ordens seria uma medida assaz pontual. Pôde-se constatar que os Templários usaram um modelo de embarcação extremamente novo destinado ao transporte de cavalos, o huissier. Este tipo de navio foi desenvolvido ao longo do séc. XII e pensado para que os animais pudessem embarcar e desembarcar directamente em terra firme, através duma comporta traseira. Cada um podia transportar de quarenta a sessenta animais a longa distância, minimizando os riscos, já que o mais difícil era conseguir que as montadas não se lesionassem durante a travessia. (...)»
[Templários, Da Origem das Cruzadas ao declínio dos Monges Guerreiros, Junho 2016]