terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Primeiro os gregos, há séculos. Agora os gregos, outra vez

(...) As promessas de relançar a economia, de pôr fim à "crise humanitária" que a Grécia atravessa há seis anos por culpa das medidas de austeridade adoptadas a mando da troika e do "corte de cabelo" à dívida externa foram o que garantiu a vitória de Tsipras este fim-de-semana. Mas, tal como ao longo da campanha, os credores voltaram a dar mostras ontem de que não estão dispostos a renegociar o resgate. A batalha, como o novo primeiro-ministro declarou ontem, começa agora.
(Jornal i, 27Jan)

(...) Neste momento, o consenso europeu está reduzido à obediência cega às posições alemãs, o que tem como consequência uma cada vez maior contestação ao projecto europeu nos outros estados. Nenhuma federação pode subsistir se a mesma se revela uma estratégia de domínio dos outros países apenas por um deles. E se por enquanto a União Europeia até pode acomodar uma saída da Grécia, a verdade é que essa saída nunca será a vacina que robustecerá o paciente, ao contrário do que alguns iludidos julgam. A saída da Grécia será um turbilhão que varrerá todos os países do Sul, pondo toda a estrutura em colapso. A Europa caminha para uma tragédia de que esta vitória do Syriza foi só o primeiro acto.
(Luís Menezes Leitão, Jornal i, 27Jan)


(...) É óbvio que a vitória de Tsipras provocou reações em toda a União Europeia, por um lado de entusiasmo e para a direita uma obrigação de refletir de modo a mudar as políticas que tem vindo a seguir e, obviamente, a austeridade, que tantos malefícios tem provocado.
A União Europeia está a mudar, como se tem visto, por exemplo, com a posição de Mario Draghi, ilustre economista e presidente do Banco Central Europeu. E o êxito extraordinário que Alexis Tsipras conseguiu no domingo passado vai ajudar imenso. Tenhamos, pois, como sempre disse, esperança, porque melhores dias virão. Inevitavelmente.
(Mário Soares, DN, 27Jan)