quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Ó marreco, olh'ó sonoro!

Vem a lembrança a propósito dum filme do John Waine, O Rio Vermelho, que um canal qualquer desenterrou há dias. Eram os tempos da corrida ao Oeste, das coboiadas selvagens, da construção de linhas férreas, duma América a instalar-se.
O herói era nessa altura um rapazola elegante, e nós uns cachopos que nem tínhamos idade para ver filmes de adultos. Porém depressa encontrámos a fórmula que nos permitia dar-lhe a volta. E lá íamos ao cineteatro, armados da cédula dum amigo mais velho. Entrava o primeiro para o segundo balcão, atirava lá de cima o passaporte, e a malta acabava por se juntar no piolho.
Atrás de nós ficava a cabine de projecção. E os filmes eram enrolados em bobinas monumentais, que o operador controlava e se partiam frequentemente. Quando ele estava distraído, toda aquela geringonça ficava a rodar em seco. Era então que uma voz o acordava aos gritos: Ó marreco, olh'ó sonoro!
E a coisa lá se compunha.