Aqui há uns anos, ainda clandestino em terra sua, o Rentes de Carvalho tinha-me presenteado com A Flor e a Foice, impresso em folhas A4. Para bom proveito alheio, este Portugal já há muito que andava à luz do dia em Amesterdão, desde 1975. Mas manteve-se incógnito entre nós, até que agora a Quetzal o editou.
O estrugir do dia-a-dia, e mais que isso o calhamaço pouco manuseável, não me incentivaram a meter-lhe o dente. Eu pecador me confesso.
Há dias trouxe-o para casa, porque há, sim, dias felizes. Escrito em tempos de brasa, está lá dentro uma outra visão crítica da historinha patriótica dos nossos Pinheiros Chagas de turno. Visões críticas há várias desde há muito, de todas as nossas gestas (a gloriosa e as outras). Dão é trabalho a encontrar, e são duras de inscrever no bestunto, sobretudo a quem precisa de matar a fome, ou a preguiça, ou a iliteracia.
Aqui fenecem as desculpas do costume. 3% de nós todos conhecem alguns cronistas, e o Martins, e o Góis, e os Lopes, e o Quental, e o Sérgio, e tantos outros artistas, maiores e menores. A oportunidade é de ouro para chegarmos agora aos 10%, mas dos 5 não vamos passar, seguramente. Lixiviaram-nos a raça.