segunda-feira, 20 de julho de 2009

Batalhas navais

Porque há limites para tudo, o Oliveira Costa lá saiu do porão. Apareceu no convés com ar de lazarillo, de parvo vicentino, de palhacito pobre, de faz-tudo. E tem toda a razão. Um marinheiro sozinho não põe uma nau a pique.
O Dias Loureiro atira-se borda fora, não vá alguém sugerir que se utilizou da nau para escapar ao naufrágio. E tem toda a razão. Não há náufragos sem barcos.
O Cavaco fica a palitar os dentes no castelo da popa, a lembrar uns dividendos de favor, que entretanto estão desaparecidos. É certo que já lhe cheira a queimado, mas não há incêndio à vista. E tem toda a razão. Às vezes é só desleixo na cozinha.
O Joaquim Coimbra e a restante marinhagem afivelam coletes, arreiam à cautela as baleeiras. E têm toda a razão. Não há melhor maneira de controlar os danos.
O Arlindo Cunha é apanhado na rede e constituído arguido. Só porta-aviões do cavaquismo já vão três! Entre alijar a carga e vomitar as tripas, derivado ao balanço da onda, o melhor será manter a agulha. E tem toda a razão. O Verão aqueceu finalmente e o pessoal quer é praia.
Os grumetes de faxina vão baldeando o convés, areiam os cromados, desvalorizam o caso. E têm toda a razão. O que mais há são barcos que metem água.
Em segredo fazem figas à Senhora dos Navegantes, na fé de que a borrasca há-de passar. O governo nacionalizou o banco e evitou as maiores perdas. E embarcadiços fiéis da Dona Branca é o que não falta lá por casa. De forma que todos têm razão. Não ia ser agora, com séculos de experiência, que a bruxa da justiça tirava a venda dos olhos!