Uma brisa agitou a figueira.
Fogem espavoridos os papa-figos
Limpando os beiços húmidos.
domingo, 27 de maio de 2012
O pato
Um conde obscuro, que ninguém já lembra, deixou o nome à quinta. E havia nela, em tempos, um castanheiro velho, onde as cegonhas criavam os filhos. O resto era um sertão, ali no arrabalde, pisoteado por vacas de brinco na orelha.
Um dia chegou à vila a febre do progresso. E um empreendedor, que viera do mar ainda rapazola, quando as caravelas regressaram todas à praia das nossas lágrimas, encomendou-se a um banqueiro e urbanizou a quinta.
As casas são branquinhas, à mansa luz do poente. São quase todas iguais, e têm bonitos telhados vermelhos. Algumas são habitadas.
Foi assim que a vila passou a cidade, e o empreendedor deixou de andar a pé. Agora alterna entre um blindado BM e um Porsche dos melhores, se estiver curto de tempo.
Dizem que já mandou vir um Maserati. Só está à espera de vez, na lista dos geradores de equívocos amargos.
Um dia chegou à vila a febre do progresso. E um empreendedor, que viera do mar ainda rapazola, quando as caravelas regressaram todas à praia das nossas lágrimas, encomendou-se a um banqueiro e urbanizou a quinta.
As casas são branquinhas, à mansa luz do poente. São quase todas iguais, e têm bonitos telhados vermelhos. Algumas são habitadas.
Foi assim que a vila passou a cidade, e o empreendedor deixou de andar a pé. Agora alterna entre um blindado BM e um Porsche dos melhores, se estiver curto de tempo.
Dizem que já mandou vir um Maserati. Só está à espera de vez, na lista dos geradores de equívocos amargos.
Ecos - 1***
O donzílio é caçador e professor de literatura clássica. Todos os dias se levanta pela manhã, dirige-se à universidade, especula um pouco sobre o indizível, e vai à caça em lhe chegando o tempo.
Há tempos esteve em marrocos, a frequentar um curso de sexo taoísta. E trouxe de lá uma flauta ocarina, que lhe venderam numa casbá qualquer. Ela debitava uns lamentos de oásis, parecia que palpitavam nela as mil e uma noites. Um belo chamariz para as rolas, quem sabe.
Quando abriu a caça, o donzílio tomou o caminho da charneca, de carabina ao ombro, como é hábito no fim do verão. Escolheu uma porta à beira da ribeira, debaixo dum salgueiro verde, e tratou de se camuflar entre os juncos, como bom profissional.
A atmosfera da tarde era uma vasta planície azul desabitada, e o donzílio decidiu pôr a cantar a ocarina. Meu dito meu feito, logo três rolas vieram de longada, escrevendo no céu um desenho redondo. Poisaram no salgueiro verde e atestaram no rapaz olhares de êxtase inefável, de quem aterrou nos campos elíseos.
O donzílio ainda levou a arma à cara, mas logo baixou os braços. E ficou ali, como quem espera um destino, enleado naqueles arroubos de narciso a mirar-se no espelho da ribeira. Até que as rolas desceram do salgueiro e quiseram forçar o rapaz a estender-se na erva.
O moço debateu-se, valeu-lhe ali a carabina basca para se defender a tiro, e chegou a casa atordoado. Contou-me o indizível enredo e ainda não saiu do quarto até hoje. Mal sabe que o pior está para vir. As rolas foram ter com o doutor delegado e deram parte dele, por assédio sexual no local de trabalho. Já chegou no correio o postal da intimação.
***Eco de 2002
Há tempos esteve em marrocos, a frequentar um curso de sexo taoísta. E trouxe de lá uma flauta ocarina, que lhe venderam numa casbá qualquer. Ela debitava uns lamentos de oásis, parecia que palpitavam nela as mil e uma noites. Um belo chamariz para as rolas, quem sabe.
Quando abriu a caça, o donzílio tomou o caminho da charneca, de carabina ao ombro, como é hábito no fim do verão. Escolheu uma porta à beira da ribeira, debaixo dum salgueiro verde, e tratou de se camuflar entre os juncos, como bom profissional.
A atmosfera da tarde era uma vasta planície azul desabitada, e o donzílio decidiu pôr a cantar a ocarina. Meu dito meu feito, logo três rolas vieram de longada, escrevendo no céu um desenho redondo. Poisaram no salgueiro verde e atestaram no rapaz olhares de êxtase inefável, de quem aterrou nos campos elíseos.
O donzílio ainda levou a arma à cara, mas logo baixou os braços. E ficou ali, como quem espera um destino, enleado naqueles arroubos de narciso a mirar-se no espelho da ribeira. Até que as rolas desceram do salgueiro e quiseram forçar o rapaz a estender-se na erva.
O moço debateu-se, valeu-lhe ali a carabina basca para se defender a tiro, e chegou a casa atordoado. Contou-me o indizível enredo e ainda não saiu do quarto até hoje. Mal sabe que o pior está para vir. As rolas foram ter com o doutor delegado e deram parte dele, por assédio sexual no local de trabalho. Já chegou no correio o postal da intimação.
***Eco de 2002
sábado, 26 de maio de 2012
Fazer tudo de novo?
A trágica saga deste Relvas é exemplar em dois capítulos.
No primeiro, por ser ele um exemplo acabado das múltiplas variantes que o PPD ofereceu ao país, em trinta anos de serviço partidário: assaltantes de estrada como o do BPN; escroques mafiosos como o Dias Loureiro; calhaus com olhos como o urso do bolo-rei; carteiristas do tipo Isaltino; hipócritas inúteis como o professor de Celorico; aldrabões de feira como o Valentim; déspotas paranóicos como o Alberto João; gangsters de dedo no gatilho, como o Duarte Lima; demagogos rascas como o Durão Barroso; histriões decadentes do género Santana; marionetas iletradas como o escuteiro de Massamá. É um infindável rol de sumidades de cartão, de cínicos, de cobardes, de traidores, de farsantes, de conspiradores, de parasitas, de lacraus e de ciganos, a quem não convirá pedir um lume para acender o cigarro.
E no segundo, porque das duas uma: ou o país político ainda tem sangue vital, e rejeitará o corpo estranho que o Relvas constitui; ou isso não acontece, porque o país moral já se exauriu.
Então será melhor perder-se dele o sentido, e fazer tudo de novo. A questão é muito antiga, mas há-de haver com quem.
Adenda: Se te interessar ver a miséria retórica que os mixordeiros do PPD utilizam à discrição na prática diária, para te encherem os olhos de poeira, tens um cheirinho aqui.
No primeiro, por ser ele um exemplo acabado das múltiplas variantes que o PPD ofereceu ao país, em trinta anos de serviço partidário: assaltantes de estrada como o do BPN; escroques mafiosos como o Dias Loureiro; calhaus com olhos como o urso do bolo-rei; carteiristas do tipo Isaltino; hipócritas inúteis como o professor de Celorico; aldrabões de feira como o Valentim; déspotas paranóicos como o Alberto João; gangsters de dedo no gatilho, como o Duarte Lima; demagogos rascas como o Durão Barroso; histriões decadentes do género Santana; marionetas iletradas como o escuteiro de Massamá. É um infindável rol de sumidades de cartão, de cínicos, de cobardes, de traidores, de farsantes, de conspiradores, de parasitas, de lacraus e de ciganos, a quem não convirá pedir um lume para acender o cigarro.
E no segundo, porque das duas uma: ou o país político ainda tem sangue vital, e rejeitará o corpo estranho que o Relvas constitui; ou isso não acontece, porque o país moral já se exauriu.
Então será melhor perder-se dele o sentido, e fazer tudo de novo. A questão é muito antiga, mas há-de haver com quem.
Adenda: Se te interessar ver a miséria retórica que os mixordeiros do PPD utilizam à discrição na prática diária, para te encherem os olhos de poeira, tens um cheirinho aqui.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Huummm!!!
Quando ouvi dizer que a bestiaga do Relvas apresentou desculpas à direcção dum jornal por uma razão qualquer, logo me veio à cabeça um aforismo suspeito:
" Se um pobre come galinha, um dos dois anda doente! "
quinta-feira, 24 de maio de 2012
O desempate
Depois da peripécia manhosa com os espiões, o Relvas e as jornalistas do PÚBLICO foram prestar declarações à ERC.
Elas lá repetiram que ele ameaçara com tribunais, com queixas à própria ERC, com o black-out noticioso do governo, com a chantagem de lhe expôr a privacidade (!), se a jornalista não calasse o bico. Não podiam fazer outra coisa.
Ele insistiu que é tudo mentira, deus m'amim livre e guarde! E não se vê que diferente atitude pudesse restar ao pobre.
De modo que chegaram empatados ao fim do tempo regulamentar.
O Carrilho (olha quem!) já veio lembrar que é palavra contra palavra. E o Carvalho (vindo donde vem), sugeriu que tudo isto não passa de barganha, não é mais que um fait-divers.
Agora vamos para prolongamento. E o Carlos Magno, que manda na ERC, já reservou quinze dias para renovar as audições necessárias e deslindar a contenda.
Assim chegarão à fase dos penáltis. É quando o Magno vai encurtar a baliza do Relvas, porque os amigos são para as ocasiões.
Adenda: Como se pode ver nesta imagem, já andam vários artistas a fazer buracos nas redes.
Elas lá repetiram que ele ameaçara com tribunais, com queixas à própria ERC, com o black-out noticioso do governo, com a chantagem de lhe expôr a privacidade (!), se a jornalista não calasse o bico. Não podiam fazer outra coisa.
Ele insistiu que é tudo mentira, deus m'amim livre e guarde! E não se vê que diferente atitude pudesse restar ao pobre.
De modo que chegaram empatados ao fim do tempo regulamentar.
O Carrilho (olha quem!) já veio lembrar que é palavra contra palavra. E o Carvalho (vindo donde vem), sugeriu que tudo isto não passa de barganha, não é mais que um fait-divers.
Agora vamos para prolongamento. E o Carlos Magno, que manda na ERC, já reservou quinze dias para renovar as audições necessárias e deslindar a contenda.
Assim chegarão à fase dos penáltis. É quando o Magno vai encurtar a baliza do Relvas, porque os amigos são para as ocasiões.
Adenda: Como se pode ver nesta imagem, já andam vários artistas a fazer buracos nas redes.
Execução orçamental
A receita baixou três, a despesa subiu quatro.
Ninguém contou a esta canalha triste a história do aprendiz de feiticeiro?
Ninguém contou a esta canalha triste a história do aprendiz de feiticeiro?
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