Tudo começou por obra e graça deste esquerdalho, mal repeso dos velhos tempos de brasa, que criou corpo no grupo do grande feiticeiro da rua da Palma. Era uma salgalhada onde entrava a AOC, talvez fosse a UDP, seria a LCI? Era um tal que muito mais tarde haveria de prever este axioma: recusar o PEC 4 será já começar a sair da crise. Viu-se.
Hoje o esquerdalho confunde alegremente o ensaio com a literatura, amalgama na molhada o Zé Gil com o Eduardo Lourenço. Não foi autor por acaso, deus nos livre. E nunca editaria o José Rodrigues dos Santos, (esse pivot televisivo que pisca o olho!) e é de longe o escritor mais prolífico e lido em Portugal.
Num português macarrónico, acha ele que a Balada da Praia dos Cães está ao nível do Memorial do Convento. E que o G. M. Tavares pode ajudar a chamar a atenção para a importância da obra de Agustina, tão esquecida ela anda. A imbecilidade distraída dos leitores possibilita tudo o resto.
Perante isto, Guilherme Valente, editor da Gradiva, tomou-se de brios e espingardeou. Confessa ele que "alguns (editores) trabalham hoje para os chamados grandes grupos, ou patrões, que procuram apenas o retorno financeiro dos investimentos". Diz que há devoluções dramáticas, e armazéns de livros que nem a preço de custo se venderiam. E assim vai diminuindo a diversidade na edição e na exposição, e desaparecendo os leitores. "Tudo em relação de causalidade implicante com a redução dos níveis de leitura - na universidade quase não se lê. Devido em parte, mas sobretudo à devastação educativa dos últimos 40 anos, em que não foi construída a escola que nunca tivemos, para enfrentar o que neste mundo novo foi afastando os jovens - e os adultos agora, até, digamos, 50 anos - do interesse pelo conhecimento e, logo, pela leitura" .
Olhando em frente (ou atrás), no panorama literário português recorda ele Redol, Abelaira, Rodrigues Miguéis e Camilo. Apostaria mesmo Eça.
Não te ponhas tu a pau, leitor, e depois queixa-te!