Romance da última fase do Eça, publicado em 1899, um ano antes da sua morte.
Se não tivesse sido cônsul por esse mundo (Havana, Inglaterra, Paris) nada do que Eça criou em literatura teria existido. Ficaria soterrado na indigência miguelista indígena.
O leitor ainda hoje encontra aqui um verdadeiro pitéu. Só lendo!
"(...) Desventurado Príncipe! (Jacinto) Com o seu dourado cigarro de Yaka a fumegar, errava então pelas salas (do 202 dos Campos Elísios),lenta e murchamente, como quem vaga em terra alheia sem afeições e sem ocupações. Estes desafeiçoados e desocupados passos monotonamente o traziam ao seu centro, ao gabinete verde, à Biblioteca de ébano, onde acumulara Civilização nas máximas proporções, para gozar nas máximas proporções a delícia de viver. Espalhava em torno um olhar farto. Nenhuma curiosidade ou interesse lhe solicitavam as mãos, enterradas nas algibeiras das pantalonas de seda, numa inércia de derrota. Anulado, bocejava com descoroçoada moleza. E nada mais instrutivo e doloroso do que este supremo homem do séc. XIX, no meio de todos os aparelhos reforçadores dos seus órgãos, e de todos os fios que disciplinavam ao seu serviço as forças Universais, e dos seus trinta mil volumes repletos do saber dos séculos - estacando, com as mãos derrotadas no fundo das algibeiras, e exprimindo, na face e na indecisão mole de um bocejo, o embaraço de viver"." (pág.74)