terça-feira, 29 de novembro de 2016

Neblinas

Vejo no Soares dos Reis uma exposição da obra integral de Amadeo de Souza Cardoso, o génio de Amarante, Manhufe. E descubro um paralelo entre Amadeo e a minha Lapa de há cem anos.
Amadeo morreu novíssimo, levado em 18 pela pneumónica. A mesma que levou a Marquinhas do Zé Ribeiro, comerciante de tachas e ferralhas, e segunda mulher do Vitorino, pai dos Crespos todos e seguidor do ramo.
Tudo lhe chegava do Porto, duns grandes armazéns. E quando um dia lá foi a pagamentos, bem a avisaram as sibilas da aldeia:
- Ai, dona Marquinhas, que anda por lá tão ruim a pneumónica!
- Eu dou-lhe com a carteira!
Recheada a tinha ela, mas a pneumónica foi mais despachada. A dona Marquinhas é que nunca mais voltou.