Todos os dias, quer chovesse quer nevasse, lá ia ela. Atravessava a ponte de pau do ribeiro, subia a ladeira da Sobreposta e ia dar escola a Casteição. Ao fim do dia fazia tudo ao contrário.
O homem dela era o Guinemer, um fura-bolos herege que ninguém sabia onde encontrara o nome. Mantinha ali no adro uma taberna, que então o povo era muito. E um dia sonhou que a era dos moleiros ia chegar ao fim, muito antes de alguém pensar numa barragem.
Construiu uma moagem além ao fundo do povo, debaixo duns castanheiros. E o motor lá ribombava todo o santo dia, fazendo rodar as mós.
Anos mais tarde a vida deu outra volta. O Guinemer resolveu partir para a África e levou a dona Elvira. Verdade ou mentira, diz o povo que ele um dia acabou debaixo dum tractor, que um preto fez empinar e cambulhou. Dela nunca mais ninguém falou.