domingo, 20 de outubro de 2019

Anjos da guarda

Olho para trás e custa-me a acreditar. Foi aqui nesta ruela, numa casinha que já não é igual, que a minha vida civil começou. Há tantos anos que já nem parecem meus.
A minha avó Adelaide viveu aqui comigo, enquanto precisei dela, e o seu papel era apoiar-me em casa
Na cozinha ardia uma fogueira, com lenha que vinha da aldeia ao lombo da marquesa. Hoje adivinho que o meu anjo da guarda apenas acendia o lume quando eu chegava. Nessa altura nem pensava nisso, mas hoje comovo-me infinitamente.
É o que fazem os paraísos perdidos, quando acabam. E a vida acaba com eles,a bem dizer.