Há muitos anos, no fim da guerra de Espanha, não restava em Castela uma galinha. Anarquistas, comunistas e franquistas tinham-nas passado ao estreito, que todos tinham para isso um bom motivo.
De forma que os castelhanos, montados em jericos, vinham pelas aldeias da raia a comprar ovos. Só regressavam com a carga já composta.
Havia ali no meio do povo uma taberna onde a estalajadeira lhes servia comida. E um dia fez um guisado de coelho.
Os comensais puseram-se a dizer que era romízio, a rir. E bem podia ser. Mas afinal, muito embora a patroa jurasse a pés juntos que era lebre, os castelhanos lá despacharam o gato. O pobre bicho assim mudou de nome, e soube-lhes que nem ginjas.