Nesse tempo a feira de S. Bartolomeu durava três dias e era o centro da vida de toda a região. Nela se pagavam as rendas das courelas, se compravam ou se vendiam gados, se levava uma camisa nova, uma blusa de chita para a filha, um par de tamancas para a patroa… Agora a feira dura mais que uma semana. Mostram-se máquinas e carros e artistas e diversões e passeia-se avenida abaixo avenida acima.
Eu era ainda um cachopo, mal me lembro. Estava com a minha avó materna, debaixo dos freixos grandes, e resolvemos comprar um melão que vinha do Ribatejo. Havia ali um monte deles. Mas o que ela comprou já estava tocado e eu refilei:
- Ó avó, este melão metade está estragado! E vai ela, com a doçura que só ela tinha:
- Temos de ajudar a viver o homenzinho, que remédio!
De facto, muito embora não pareça, outro remédio não há.