quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Energia: o que diz Obama (2)

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Ao mesmo tempo, Obama quer incentivar a produção interna de petróleo e gás, obrigando as petrolíferas a acelerar a prospecção em vastas zonas off-shore, construindo o gasoduto do Alaska e aumentando a produção de gás natural. Com isto prevê que os Estados Unidos, daqui a 10 anos, possam reduzir as suas importações de petróleo, num volume correspondente ao que importam actualmente da Venezuela e do Médio Oriente.
Finalmente, Obama quer ver os americanos a preocuparem-se com as questões ambientais e climatéricas, e propõe, como meta para 2050, a redução em 80% das emissões de gases com efeito de estufa, relativamente aos níveis de 1990.
Para cumprir este programa acaba de ser anunciada a escolha para novo secretário da energia de um prestigiado cientista, o Dr. Steven Chu, prémio Nobel da Física em 1997. Alguém que está consciente da situação, como se depreende das suas recentes afirmações: "O problema energético está no centro das nossas preocupações e é o mais importante que a ciência tem que resolver. A segurança nacional está relacionada com a segurança energética, com a competitividade americana a longo prazo, e com os perigos do aquecimento global. Enfrentamos muitos problemas, mas este é o que, se não for resolvido, mudará certamente o nosso modo de viver".
A preocupação dos presidentes americanos com esta questão não é nova. Em 1977, no rescaldo do primeiro choque petrolífero, o presidente James Carter proferiu um dramático discurso televisivo, no qual se comprometia, de forma solene, a reduzir o consumo energético e a congelar, aos níveis de então, as importações americanas de petróleo. Desde aí, todos os presidentes (com a mesma solenidade com que John Kennedy, em 1962, prometeu que a América iria colocar um homem na Lua antes do final da década) anunciam como meta para a década seguinte a independência energética dos EUA. Mas se o desafio tecnológico foi vencido, o mesmo não se tem passado com o desafio energético. Desde 1977, a dependência energética da América não parou de aumentar.
Dick Chenney disse um dia, a propósito da necessidade de alterar os hábitos das pessoas como via para a solução do problema energético, que o modo de vida americano não era negociável. Ora as propostas de Obama irão mudar, e muito, o modo de vida americano. O futuro mostrará quem vai ter razão. Porque são duas concepções de vida que se vão confrontar. É essa a primeira vitória que o novo presidente precisa de assegurar, e que não vai ser fácil. O mundo tem os olhos postos na América e em Barack Obama.