Era uma vez uma velha moleira que tinha cinco filhos. E enquanto a ribeirinha corria, cantando a mó alveira, lá iam eles entregar aos fregueses as fanegas de farinha.
Uma tarde passou por lá um santeiro, um pobre homem que talhava santos em pau de amieiro. Era só esse o trabalho que fazia.
A moleira deu-lhe um caldo, e encomendou-lhe um cristo para cada filho. O santeiro esmerou-se nos trabalhos de formão. E dumas tábuas de caixas de sabão arquitectou as cruzes.
Rodaram tempos, a moleirinha morreu, e os filhos seguiram o seu caminho. Cada um com seu cristo na bagagem. E tudo estaria bem se não fosse o caruncho, porque todos acabaram carcomidos. Só um é que escapou em cima duma mesa, num quarto escuro dum moinho que ficara ao abandono.
Um dia passou por lá um cristão que o salvou e lhe deu nome. Vive agora ao calor da chaminé.