sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Tardes de sol

Primeiro surpreendem, os garrafões a pendular da ombreira, enfeitados de louro. Já os tínhamos dado por extintos. Depois arrisca-se um pé, e fica-se aprisionado pelo nariz. Aos aromas dos salpicões, dos presuntos, dos fumeiros à maneira antiga.
Entramos e são os olhos que se perdem, nas bengalas à malhadinhas, nos varapaus de fafe, nas mocas de rio maior, que um padre abençoou e um dia nos salvaram das tentações do demónio. Nos galhardetes da bola, nas cabaças, na sisudez do santo, lá ao fundo...
Vencidos e convencidos, passamos a acreditar em milagres. E mandamos vir para a mesa as canecas do verde tinto.
No fim damos ao demo os burgueses citadinos, que se distraem a debicar no sushi, no sashimi, e dão cabo do pâncreas em cozinhas de fusão.