Há muitos anos parei o carro à beira da estrada que vinha da Bissalanca e avancei por uma plantação de cajueiros. Os frutos davam um sumo excelente. A certa altura apareceu um fazendeiro, tinha eu o saco praticamente cheio. Os meus argumentos não o convenceram, mas lá me deixou partir, de rabo entre as pernas.
Muito mais tarde parei o carro à beira da estrada, a deslado da barragem de Montargil. De cesta no braço avancei pomar adentro, disposto a refastelar-me com uma barrigada de pêssegos.
E foi o dono que me surpreendeu, protestando com tanto desaforo.
Pedi desculpa, voltei ao carro, e prometi a mim mesmo que perderia os maus hábitos.