Quando o 25 de Abril aconteceu em Lisboa estava eu na Guiné, a escapar aos mísseis Strela que o PAIGC utilizava.
Chegaram as férias e vim para Lisboa. Mas já não regressei porque as guarnições do mato tinham começado a jogar à bola com os guerrilheiros.
O 25 de Abril depressa me transformou a vida num trinta e um enorme. Porque eu nunca tive o espírito de me deitar debaixo da figueira e ficar à espera que os figos maduros me caíssem na boca.
No princípio de 1976 parti para o primeiro exílio, a que outros se seguiram. Lembro-me disso e penso: 25 de Abril sempre, que tarde veio!